Defensor da ideia de que o desenvolvimento é altamente dependente da acumulação que deve acontecer em conjunto com as inovações tecnológicas, a Paraíba celebra, este ano, o centenário de um de seus grandes nomes: o economista Celso Furtado.
Nascido na cidade de Pombal, no sertão da Paraíba, Celso Furtado foi um dos grandes intelectuais brasileiros do século XX e chegou a ser Ministro do Planejamento e também da Cultura entre as décadas de 1960 e 1980.
Com o clássico “Formação econômica do Brasil”, maior obra de referência do pensamento econômico brasileiro, o economista trouxe um novo olhar sobre história e economia, analisando ciclos econômicos para identificar o cerne do subdesenvolvimento brasileiro.
Eis a ideia: o subdesenvolvimento não era etapa natural de um processo, mas uma realidade perene, derivada da inserção do Brasil e países semelhantes, exportadores de insumos, na economia mundial – a dinâmica “centro-periferia”.
Para ele, as técnicas representam os meios utilizados pelo ser humano para agir com maior eficácia no processo de trabalho. O autor vê o progresso técnico como parte da criatividade humana que se direciona para ampliar as possibilidades de acumulação do capital e de uso das forças produtivas, proporcionando ganhos de produtividade e crescimento econômico.
Educação, tecnologia e desenvolvimento, portanto, são fatores altamente interligados, segundo a visão do intelectual.
Prova disso é que em 1964, seu nome constava na primeira lista de indesejados pela ditadura militar, e Furtado teve de deixar o país, mas no dia seguinte à sua cassação política, recebeu convites para lecionar em três prestigiadas universidades dos Estados Unidos: Harvard, Columbia e Yale, para onde acabou indo. Um ano depois, o presidente francês de direita, Charles de Gaulle, autorizou sua contratação para a maior universidade de seu país, a Sorbonne Université.